A
carne mais barata do mercado é a carne docente, francamente! Ando com minha cabeça já pelas tabelas
com esse desgoverno do PT, de mais a mais, ando pelas tampas é com o alfabeto
inteiro, P da minha nada mole vida, cordial correligionário! Impressionante a mudança
das letrinhas, a dança das cadeiras, o balé da batuta, a imutabilidade pétrea da
soberba, do egocentrismo, da pilantragem e da safadeza. Qualquer poder,
qualquer, qualquer mesmo, no frigir dos ovos, estapeia o visual, enfeita o
maracá, turva, contamina e perverte, é desse jeito. Não se iluda, não me iludo: o sujeito virou chefe do almoxarifado,
no mesmíssimo dia, à tardinha, é batata, favas somadas: perdeu uma banda do seu
caráter reconhecidamente ilibado, assim caminha a humanidade. Até pensei em
escrever uma historinha perfurocortante acerca da sova dramática na bunda
do operário em construção imorredoura: o mestre, amado mestre, ilustre mestre
com carinho. O Governo espanca, esfola o couro da gente, madame, beliscão de
arrancar o pedaço.Tal é, afinal de contas; a bolha translúcida queimando, o
vergão na polpa que mainha beijou, ali, latejando, trauma no íntimo da alma,
indelével marca também sobre a carne de terceira, a mais barata do mercado, ferida
dessas mal cicatrizadas, lesão renitente, daqui para trás e daqui para adiante.
Esse Governo rabisca história às avessas, trama igual e diferente, uma bela
bosta, sabe? A Lei da Palmada vai com mais de mil para o picadeiro do Senado, a
rainha dos baixinhos beirando os quarenta, rarará, Xuxa na câmera da Câmara, rarará,
soletrando serena a lição para casa: con-ver-se-mos: con-ver-san-do é que a
gen-te se en-ten-de. Dilmaligna tem ouvido de mascate, deduzo, surda de pai e
madrasta ao apelo do mais prejudicado, ‘conversar é o cacete!, vão trabalhar,
vagabundos!’, pau literal, pau para comer sabão e pau para saber que sabão não
se come. Nem de futebol eu gosto, manja? Aliás, leitora querida, confesso que
jamais cogitei vir a sentir, pela trupe do Partido dos Trabalhadores, o que aurora
sinto, meu peito toda vida palpitou no tambor da rubra estrela Lulalá, a
companheira acredita? Chorei três noites, legítimo contentamento, do Presidente
da República ser aquele genial torneiro desdedado. Quem quiser que defenda essa
INDIgestão, ando pelas tampas. Do alto da torre, irmão, meu olho empapado
vistoria um país tão longe de ser pátria boa e justa, Brasilzão descontente,
distante léguas da alegria. Entre porta-níqueis e pochetes, alguma coisa melhorou,
decerto, estudo os números, Cróvis, craro. Deve ter melhorado também, e bastante,
a condição de tão facilmente penhorar a jóia de um ideal, princípios, decência.
Melhorou muito a possibilidade de mamar nosso dinheiro e brio, sem culpa,
melhorou o meio de roubar o povo, descaradamente. Meu asco, minha agonia, minha
vergonha é a lama encarnada do momento, essa pereba moral, essa corcova ética, um aleijão. Corrupção é corrupção - magenta, violeta, verde, azul ou amarela - é sempre o déjà vu, o eterno ranço, quem diria... A confirmação de
que ninguém parece saltar do tremzinho do Palácio com as mãos simples e limpas.
E vazias. A bem da verdade, pretendia era desabafar, desisti da função em
seguida, convém respirar, respira, pois, megapançuda. Reconsiderar, retroceder,
mais que navegar, é preciso. Once and for
all, aprender a manter a ‘pressão, pressão, vou explodir!’ arterial abaixo
das raias da loucura, pulsando ali em treze por oito, no máximo, nunca de never more acima disso - meu dever,
minha salvação: from now on, caro
comparsa, é o seguinte: nem vem de garfo porque a janta é sopa: ninguém mais me
toma a paz, que não consinto.
Avalio o deserto, o
precipício, a inclemente escuridão da mastodôntica falta que faço, rarará. Quantas
visitas ao brogue, nenhuma novidade. Visualizei a senhora desmanchando outra
vez o sorriso, fechando o outrora faceiro semblante, “me sentia tão rico deste dia, e lá se foi secreto”, sem vestígio
de Fuchique, rarará. Perdão, pessoas. Três meses e meio de edema, náuseas, vômitos,
distúrbios abdominais, cefaleia, tremores, sudorese, arrepios, disfunção
menstrual, gengivite, cistite, visão turva e o raio que o parta justificam a
ausência, espero. Há travessias solitárias com pedigree, sabe? Irremediavelmente nuas, frias, cruas, sombrias, absolutamente não compartilháveis. Quando a dor e o pavor suplantam qualquer nesga de entendimento,
o verbo não comporta o peso, a gente sofre às cegas, desacompanhada. A gente emudece, em respeito ao sábio tempo da consciência de todas as coisas.