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terça-feira, 27 de maio de 2014

Pancada

A carne mais barata do mercado é a carne docente, francamente! Ando com minha cabeça já pelas tabelas com esse desgoverno do PT, de mais a mais, ando pelas tampas é com o alfabeto inteiro, P da minha nada mole vida, cordial correligionário! Impressionante a mudança das letrinhas, a dança das cadeiras, o balé da batuta, a imutabilidade pétrea da soberba, do egocentrismo, da pilantragem e da safadeza. Qualquer poder, qualquer, qualquer mesmo, no frigir dos ovos, estapeia o visual, enfeita o maracá, turva, contamina e perverte, é desse jeito. Não se iluda, não me iludo: o sujeito virou chefe do almoxarifado, no mesmíssimo dia, à tardinha, é batata, favas somadas: perdeu uma banda do seu caráter reconhecidamente ilibado, assim caminha a humanidade. Até pensei em escrever uma historinha perfurocortante acerca da sova dramática na bunda do operário em construção imorredoura: o mestre, amado mestre, ilustre mestre com carinho. O Governo espanca, esfola o couro da gente, madame, beliscão de arrancar o pedaço.Tal é, afinal de contas; a bolha translúcida queimando, o vergão na polpa que mainha beijou, ali, latejando, trauma no íntimo da alma, indelével marca também sobre a carne de terceira, a mais barata do mercado, ferida dessas mal cicatrizadas, lesão renitente, daqui para trás e daqui para adiante. Esse Governo rabisca história às avessas, trama igual e diferente, uma bela bosta, sabe? A Lei da Palmada vai com mais de mil para o picadeiro do Senado, a rainha dos baixinhos beirando os quarenta, rarará, Xuxa na câmera da Câmara, rarará, soletrando serena a lição para casa: con-ver-se-mos: con-ver-san-do é que a gen-te se en-ten-de. Dilmaligna tem ouvido de mascate, deduzo, surda de pai e madrasta ao apelo do mais prejudicado, ‘conversar é o cacete!, vão trabalhar, vagabundos!’, pau literal, pau para comer sabão e pau para saber que sabão não se come. Nem de futebol eu gosto, manja? Aliás, leitora querida, confesso que jamais cogitei vir a sentir, pela trupe do Partido dos Trabalhadores, o que aurora sinto, meu peito toda vida palpitou no tambor da rubra estrela Lulalá, a companheira acredita? Chorei três noites, legítimo contentamento, do Presidente da República ser aquele genial torneiro desdedado. Quem quiser que defenda essa INDIgestão, ando pelas tampas. Do alto da torre, irmão, meu olho empapado vistoria um país tão longe de ser pátria boa e justa, Brasilzão descontente, distante léguas da alegria. Entre porta-níqueis e pochetes, alguma coisa melhorou, decerto, estudo os números, Cróvis, craro. Deve ter melhorado também, e bastante, a condição de tão facilmente penhorar a jóia de um ideal, princípios, decência. Melhorou muito a possibilidade de mamar nosso dinheiro e brio, sem culpa, melhorou o meio de roubar o povo, descaradamente. Meu asco, minha agonia, minha vergonha é a lama encarnada do momento, essa pereba moral, essa corcova ética, um aleijão. Corrupção é corrupção - magenta, violeta, verde, azul ou amarela - é sempre o déjà vu, o eterno ranço, quem diria... A confirmação de que ninguém parece saltar do tremzinho do Palácio com as mãos simples e limpas. E vazias. A bem da verdade, pretendia era desabafar, desisti da função em seguida, convém respirar, respira, pois, megapançuda. Reconsiderar, retroceder, mais que navegar, é preciso. Once and for all, aprender a manter a ‘pressão, pressão, vou explodir!’ arterial abaixo das raias da loucura, pulsando ali em treze por oito, no máximo, nunca de never more acima disso - meu dever, minha salvação: from now on, caro comparsa, é o seguinte: nem vem de garfo porque a janta é sopa: ninguém mais me toma a paz, que não consinto.
Avalio o deserto, o precipício, a inclemente escuridão da mastodôntica falta que faço, rarará. Quantas visitas ao brogue, nenhuma novidade. Visualizei a senhora desmanchando outra vez o sorriso, fechando o outrora faceiro semblante, “me sentia tão rico deste dia, e lá se foi secreto”, sem vestígio de Fuchique, rarará. Perdão, pessoas. Três meses e meio de edema, náuseas, vômitos, distúrbios abdominais, cefaleia, tremores, sudorese, arrepios, disfunção menstrual, gengivite, cistite, visão turva e o raio que o parta justificam a ausência, espero. Há travessias solitárias com pedigree, sabe? Irremediavelmente nuas, frias, cruas, sombrias, absolutamente não compartilháveis. Quando a dor e o pavor suplantam qualquer nesga de entendimento, o verbo não comporta o peso, a gente sofre às cegas, desacompanhada. A gente emudece, em respeito ao sábio tempo da consciência de todas as coisas.