Assim
é, se lhe parece.”, o que tem pra hoje. E pra todos os
vindouros dias do pra sempre, até que a morte não separe, simpatizo demais com
a Doutrina, essa onda de depuração ad
infinitum me dá um consolo... Ademais, sou chegada num Gasparzinho
fantasminha camarada, digo logo, nem sei se meu leitor já sabe. Hei de assumir,
perante a humanidade atônita, rarará, a condição e a opção espíritas - minha lei, minha questão. Reconheço,
entretanto, que é bastante cedo, permaneço vergada de deslizes, transgressões e
delitos vários, para tanto, preciso melhorar um bom bocado. Assim é, se lhe parece. Isso
é Pirandello, madame, romancista e poeta italiano, cabra da peste esbanjando um
tonel de inspiração existencial, rarará, no exato, precioso instante em que proclama a
grande verdade. A senhora experimente, no próximo arranca-rabo das ideias surdas,
fanáticas, desarvoradas, espumando, bufando, mordendo-se reciprocamente,
rarará, no calor do embate, a ilustre leitora deixe escapar, assim como quem
não quer nada, e querendo dar o assunto por encerrado: assim é, se lhe parece. Uma
economia de calmante. Um santo remédio. Vou esclarecer por que funciona: o
interlocutor não pretende mudar de opinião, decerto. História de cada um, vaidade,
orgulho, arrogância, fragilidade, insegurança, aquela convicção irrefutável de
uma razão demente. O interlocutor pode estar redondamente enganado. Ou
absolutamente certo. O contraditório da vida. Deus anda nu pelo subterrâneo da alma atormentada, Deus é intimus gel das vicissitudes do
contribuinte, Deus entende as mazelas humanas, a gente nunca. A gente não pretende mudar de
opinião coisíssima nenhuma, a gente é o cara, gente. Assim é, se lhe parece é feito reconhecer-se elemento da multidão no
meio do caminho, nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, aprendendo a jogar.
É declarar publicamente: não consigo assimilar seu raciocínio, sua fala, sua
justificativa, seu comportamento, seu sentimento ou completa falta dele; não
aceito um milímetro disso aí, purgante, mas tolero. Não consta nos autos do processo que temos que
nos afinar a qualquer custo, amarmo-nos profundamente, abraços e beijinhos e
carinhos sem ter fim, não vá por aí, ainda não existe esse conto de fadas. Tempo
haverá, colega. Degolar é pecado. Respira. Tolera. Há relacionamentos tão
duros, tão ásperos, tão complexos, há rivalidades tão antigas, que só mesmo o
esquecimento... Minha quarentena de cinco meses tem sido providencial nesse sentido,
acredita? Sem autorização para o oco do mundo, a pessoa pega o beco que desemboca
no pavilhão de dentro. Resignação. Tolerância. Auto-conhecimento. “Conhece-te a ti mesmo.”, uma provocação
robusta, a danada. Recua, procura identificar a raiz da pereba. Descobre por que te apraz afiar o dente, abocanhar
o ombro, atravessar a pele, arrancar um pedaço da carne do teu irmão oponente. Um jeitinho fofo de tentar derrotar... Conhece-te a ti mesmo... Máxima de Sócrates, que desencarnou de beber, parece
que enchia a lata, coitado. Mas batia um bolão existencial, rarará. Futebol chique, de
respeito, meu chapa.