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segunda-feira, 30 de junho de 2014

Meanwhile

Assim é, se lhe parece.”, o que tem pra hoje. E pra todos os vindouros dias do pra sempre, até que a morte não separe, simpatizo demais com a Doutrina, essa onda de depuração ad infinitum me dá um consolo... Ademais, sou chegada num Gasparzinho fantasminha camarada, digo logo, nem sei se meu leitor já sabe. Hei de assumir, perante a humanidade atônita, rarará, a condição e a opção espíritas - minha lei, minha questão. Reconheço, entretanto, que é bastante cedo, permaneço vergada de deslizes, transgressões e delitos vários, para tanto, preciso melhorar um bom bocado. Assim é, se lhe parece. Isso é Pirandello, madame, romancista e poeta italiano, cabra da peste esbanjando um tonel de inspiração existencial, rarará, no exato, precioso instante em que proclama a grande verdade. A senhora experimente, no próximo arranca-rabo das ideias surdas, fanáticas, desarvoradas, espumando, bufando, mordendo-se reciprocamente, rarará, no calor do embate, a ilustre leitora deixe escapar, assim como quem não quer nada, e querendo dar o assunto por encerrado: assim é, se lhe parece. Uma economia de calmante. Um santo remédio. Vou esclarecer por que funciona: o interlocutor não pretende mudar de opinião, decerto. História de cada um, vaidade, orgulho, arrogância, fragilidade, insegurança, aquela convicção irrefutável de uma razão demente. O interlocutor pode estar redondamente enganado. Ou absolutamente certo. O contraditório da vida. Deus anda nu pelo subterrâneo da alma atormentada, Deus é intimus gel das vicissitudes do contribuinte, Deus entende as mazelas humanas, a gente nunca. A gente não pretende mudar de opinião coisíssima nenhuma, a gente é o cara, gente. Assim é, se lhe parece é feito reconhecer-se elemento da multidão no meio do caminho, nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, aprendendo a jogar. É declarar publicamente: não consigo assimilar seu raciocínio, sua fala, sua justificativa, seu comportamento, seu sentimento ou completa falta dele; não aceito um milímetro disso aí, purgante, mas tolero. Não consta nos autos do processo que temos que nos afinar a qualquer custo, amarmo-nos profundamente, abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim, não vá por aí, ainda não existe esse conto de fadas. Tempo haverá, colega. Degolar é pecado. Respira. Tolera. Há relacionamentos tão duros, tão ásperos, tão complexos, há rivalidades tão antigas, que só mesmo o esquecimento... Minha quarentena de cinco meses tem sido providencial nesse sentido, acredita? Sem autorização para o oco do mundo, a pessoa pega o beco que desemboca no pavilhão de dentro. Resignação. Tolerância. Auto-conhecimento. “Conhece-te a ti mesmo.”, uma provocação robusta, a danada. Recua, procura identificar a raiz da pereba. Descobre por que te apraz afiar o dente, abocanhar o ombro, atravessar a pele, arrancar um pedaço da carne do teu irmão oponente. Um jeitinho fofo de tentar derrotar... Conhece-te a ti mesmo... Máxima de Sócrates, que desencarnou de beber, parece que enchia a lata, coitado. Mas batia um bolão existencial, rarará. Futebol chique, de respeito, meu chapa.