Hoje é aniversário de Robson, meu colega de rotina iffeana. Semanalmente, mergulhamos
juntos naquele açude argiloso, abalos sísmicos, uma loucura... Sacode, Carola,
rarará!! O cara é o cara. Destina uma paciência infinita à minha vexatória ignorância
sócio-política, só a senhora vendo. Aliás, da constelação escolar vig(d)ente,
rarará, ele é a minha estrela. Ele é a minha estrela. Um homem comum, qualquer
um, não fosse o capital comichão, essa
fecunda, permanente erupção cutânea de saber e sentir: ciência, compaixão, humanidade
– tudo pulsando, avolumando-se, escorrendo celas afora; feixes, pencas, nuvens,
montanhas atravessando-lhe os nervos, a boca, os olhos, quem diria?
Apaziguados. Absurdamente apaziguados. Arrasto um búfalo por quem nocauteia em
volume baixo, desobrigado de estufar as carótidas, de abanar a asinha frenética
no bico do interlocutor, o sujeito manso, tamanhas as fundas ideias luzidias,
sereno em argumentos sólidos, solenes, irrefutáveis. Seja bem feliz, peixinho.
Um dia de muito amor, meu querido, na doce companhia de sua bela esposa - portentoso
busto gritando “ébano”! – preta, de tão linda. Linda, de tão preta. Deusa azul,
diva negra, rainha tácita e lasciva: uma noite quente. Sem luar.
Sobre as
manifestações de amanhã, é o seguinte: à pessoa desejosa de empatar o meu
sossego, delírios de me arrastar para o olho da rua, participo, rarará: estarei
trancafiada dentro de casa, São Longuinho nem se coce para ajudar a achar a
chave da porta. Meus mirrados conhecimentos PSDBistas, PTistas, PMDBistas, DEMistas,
PDTistas, REDistas, PSOListas, mais o raio que o parta, o débil, raso
entendimento debruçado no pires de leite de Mingau de Magali, a esfomeada do
Maurício, rarará, despeja no mármore as cartas ensebadas: não posso comparecer “porque
não deu tempo de aprender a coreografia”. Queria ter inventado isso! Copiei, apenas. Sempre as mesmas limitações
de inteligência da guduxona cinquentinha,
as quais Santo Antônio e o gancho não expandem. Não vou correr o risco de topar
com o trio elétrico de Malafaia, Bolsonaro e Feliciano. Vai que Waack veicula
na TV! Ainda 'conservo' uma lasca de reputação a zelar! Além do mais, penso que
Moro e Aécio, cedo ou tarde, entre soluços, revelarão ao trôpego povo
brasileiro “o que não tem mais jeito de
dissimular”: somos irmãos de sangue, salmão e sonho, patriazinha! Inquestionável a semelhança física e
psicológica desses requintados, vaidosérrimos rapazes. Sei lá... Para eu berrar
“Fora, Dilma!”, alguém decente, vacinas em dia, tinha que subir a rampa, bora
combinar. Democracia não é trapo de se jogar pela janela, aprendi pequena. Golpe?
Não é não. Gatinhos escaldados. Parece coisa de retardada, mas preciso muito de um nome para eu mencionar,
nas discussões mais acaloradas... Uma face, uma palavra, o definitivo gesto,
aquele de eu pinçar no ar, coser no coração e por cima do peito, na camisa. “Minh'alma cativa”...“E me apraz essa ilusão à toa”. Lula é
mito, esculpiu a outrora invisível etnia Silva, no parrudo tronco da História, assunto
mais que encerrado. Miseráveis alimentados, aeroportos apinhados de pobres,
universidades finalmente frequentadas por negros, isso é de uma grandeza, nem
se comenta. Um grão de dignidade no papo do lascado, leitora, incomoda. Sua senha, por acaso, é prioridade? Tão simples. Questão de reconhecer o seu lugar na roda da fortuna. “Qualquer bom partido deveria
ser populista: escutar o povo, o que pensam as pessoas comuns, os cidadãos”. Bauman.
Pesquei alhures, numa entrevista, para posar de erudita, rarará. Um homem acima
de todas as suspeitas é Lula. PT. Saudações. Por Lula, eu teria decepado seis
dos meus dedos, camarada. Aí, o companheiro vai e abusa. Quem anda com porcos,
farelo come, hein, Dona Rita? Tirou o partido de mim, abusou. Constatação dolorosa,
excruciante: meus bracinhos roliços não dão mais conta de, sol a pino, sustentar
o mastro da escarlate bandeira esmaecida. Sobre as manifestações de amanhã, Gramsci: “se o velho morre e o novo não nasce, neste
interregno ocorrem os fenômenos mórbidos mais diversos”.