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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Boi na linha

Ladrão bandido cachorro da moléstia é uma qualidade de gente safada muito privilegiada, nesse nosso belo, forte, impávido colosso de terra de sapo. Em terra de sapo, de cócoras com ele, os menos jovens advertem, e eu concordo, especialmente se o sapo for teimoso feito uma mula, a gente acocora e, devagarinho e pelas beira, faz um país. Agora falando sério, contrita como quem reza. Imaginem vocês que ontem, pela ducentésima vez, pelas minhas contas, dei um pulinho na maior empresa de telefonia móvel, imóvel e o raio que o parta, do país e do mundo, OI para você também, com a delicadeza e o refinamento que me constituem, todo aquele que me conhece , conhece; conhece, usufrui, aprova e se apaixona, rá rá rá,  visitei o balcão de atendimento para pedir
à gente fina do atendimento, aquilo que qualquer criatura  adimplente, valorosa e virtuosa como eu, pode e merece ter, se assim o desejar:  uma linha para a minha humilde residência. A minha pessoa já apeou em algumas paragens por aí, sempre na casa dos outros, por amor, por favor, por conveniência minha e de outrem, ora pagando aluguel irrisório, ora pagando mais do que os olhos da cara, já tive telefone fixo em Petrolina, em Jaboatão dos Guararapes, nos quatro pontos cardeais de Recife, no raio que o parta, mas nunca na vida, nem em dia de lavagem da escadaria, possuí um aparelho ouvinte e falante funcionante, no estado da sorria você está na Bahia. Nas sacadas dos sobrados da velha São Salvador, quis cochilar, numa preguiçosa rede a balouçar..., mas não fui, a vida jamais me sorriu por lá. O leitor, a essa hora, deve estar se perguntando que raio de história atrapalhada é essa. Deu-se comigo, se foi comigo, tenha certeza, é história atrapalhada. Tudo na minha vida tem uma pitadinha de complicação para animar a festa.  Se fô da família, você, meu bem, está cansado de saber, se num fô, vai saber, porque o meu bucho é furado de piaba, e porque estou dessa história até o pescoço, vou contar a você, meu ioiô, para não morrer feito Wando, de morte do coração, tão inesperada e prematura.
Num domingo de tarde, era uma vez uma belle de jour, isso em 2003, às margens do Velho Chico, caminhando e cantando em direção ao River Shopping, o então recém-inaugurado centro de compras de Petrolina, uma bela da tarde aluada, repentinamente abordada, num terreno baldio, pelo ladrão da bicicleta, mau elemento que andava se utilizando de peixeira afiada para furar o bucho das belas da tarde, isso na flor do meu sertão pernambucano, ali na divisa com Juazeiro da Bahia, e lhes afanar os preciosos pertences, no domingo de tarde. O meliante equilibrista me levou a bolsa com tudo dentro, sendo, dias mais tarde, os meus jamais recuperados documentos, muito bem empregados em financiamentos diversos, o meliante comprou uma cozinha nova no meu nome, habilitou linhas telefônicas à beira do mar de Caymmi, eu até tenho para mim que o meliante ganhou um pesinho e se traveste depois de uma certa hora, o cabra fica igualzinho a mim, ninguém chegou mesmo de leve a perceber, desconfiado, que ele vira fêmea  e atende pela graça de Adriana Guimarães, às suas ordens, uma coisa impressionante. Eu dei parte na delegacia, já tive de me valer desse B.O. vinte e sete vezes ou mais, para esclarecer que despesas brotadas do chão, nos quatro cantos do Brasil, jamais foram minhas, enfim, muito bem vaticinou o advogado da agência  do  Banco do Brasil de Petrolina, meu amigo Jorge, meu aluno da Cultura na época, um cara que me ajudou pacas, me orientou sobre o que fazer e o que não fazer, me lembro como se fosse hoje, ele me disse assim: “Minha teacher querida, desculpe lhe dizer, mas você nunca mais vai ter sossego na vida”. Jorge é vidente, eu nem suspeitava. Difícil acreditar, eu entendo, mas trata-se da mais pura verdade, faz quase dez anos que fui vítima desse assalto amaldiçoado, dessa fraude, já comi o pão que o diabo amassou, já tive conta de banco bloqueada na véspera do Natal, já vi meu peru recheado decolar da mesa, com mais de mil, por falta de pagamento, já escrevi de próprio punho, com o pranto a me correr, Adriana Peixoto torceu o nariz nesse exato instante, aposto, mas eu choro de rachar, choro mesmo, escrevi longas cartas esclarecedoras para a Fininvest, para a Losango, para o que existe de financiadoras por aí, gastei uma dinheirama para ser uma cidadã documentada de novo, e para encurtar a conversa, a moça simpática do balcão OI atende, com aquele sorriso de comercial de dentifrício, com a boa vontade que Deus lhe atribuiu, quando estava desenhando a figurinha de cromo, dispara: “Senhora, o que existe aqui é o seguinte, dois pontos, um em cima, outro embaixo: a análise do seu cadastro aponta uma pendência na Bahia. Através do 103, fui informada de que a pendência não mais existe porque a senhora, de fato, foi roubada. O problema é que um sistema não tem como ler o outro”. Não é minha mentira não, que no dia que eu mentir, o povo sabe, no dia que eu mentir, o mundo se acaba. Eu dou um doce a quem conseguir apresentar as primeiras letras a esse sistema iletrado. Dialetozinho complexo esse!! Alfabetizar é mesmo uma arte. A moça do comercial de dentifrício gostaria que eu aguardasse um prazo de 48 horas, antes de tomar qualquer atitude. A moça simpática ignora que Ronaldo coração de mel de melão aloprou tem tempo, se ele ouvir, assim en passant, um oizinho inocente no meio da rua, é capaz de ele quebrar os dentes do sujeito que lhe acenou, ele quer emparedar todos os funcionários, grandes e pequenos, da empresa, e meter bala, para lhes estourar todos os miolos. Não critico, amar é envolver-se, ele me ama.  A Embratel deve chegar aqui na minha rua lá pra 2016, por aí. A Justiça é cega, surda, muda e doida, mas há de haver. “Lá vou eu de novo para o Forum procurar o desconsolo que cansei de conhecer...” Já processei a Claro, outra empresa na qual não se pode confiar. Meu marido tá “feito um bichinho no sol da manhã”, puto dentro das calça. Claro, Ana e quem mais chegar. Vou agorinha ligar para o meu advogado. Me dá um alô mais tarde, combinado?

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