Quedo-me a procrastinar,
amados amantes do fuchique, sem um
filete de constrangimento, que dirá culpa, rarará. A senhora escutou e é
verdade: quem quer a importante tarefa realizada ao menos a contento, designe para o abacaxi aquele indivíduo sempre mais ocupado. O impossível floresce
mesmo é na escassez de tempo. Na minha módica interpretação, os adiamentos
conscientes são o combustível das máximas competência e criatividade, pois que,
em cima do laço, meu camarada, o couro histriônico descolando da carne trêmula,
na chapa quente, ui!!, a deadline do
demo estrangulando, rarará, em cima do nó de marinheiro, pressão, pressão, adrenalina,
solo sal desfavorável, plantando-se qualquer semente aflita e inadequada, nesse
fundo de poço, madame, tudo dá, é desse
jeito. The very last minute to go
produz maravilhas com leite moça,
assino embaixo. Pretende descortinar seus mais recônditos e camuflados talentos?
Deseja, de fato, once and for all,
calçar e costurar, nos próprios cascos, as sandálias da humildade? Faça de
última hora, é batata. Das duas, uma: o
sujeito vira capa ou contracapa de revista, rarará: especialista tão
especialista que constrói de sopro, especialista equivocado (uma redundância, vamos
combinar, todo especialista é equivocado, rarará!) ou cidadão de bem, que
ninguém espere ser de bem, sem a experiência capital de perder uma medalha
eventual, passar ao largo do pódio, ao menos três vezes em cada nada mole vida,
é um troféu imprescindível à formação ética, moral e psicológica do
contribuinte.
Meus gentis leitores apostam
que sou uma vadia, no que têm razão, até certo ponto. A essa altura do tombo, sinto-me
muito à vontade gerando inerte lotes de coisa nenhuma, no dia que eu mentir, já sabe.
Entretantomente, mister esclarecer o seguinte: a estrada é longa e o caminho é
deserto. A vadiagem demanda um esforço tremendo, trata-se de uma conquista a
penas duríssimas. O contraponto da vagabundagem atende pela doce alcunha de trabalho. Minha seara envolve ensinar coisinhas
à toa da língua do patrão ao coleguinha disposto a mais ou menos conhecê-las, nos
dias atuais, uma raridade, acredite. Para os meus olhos desarmados, um negócio
absolutamente fantástico, sendo todo meu este privilégio maiúsculo: a meninada
vai dando conta do recado sozinha, pelos meios que escolhe, de repente, já foi,
a meninada passa as perninhas rijas e ágeis na mestra, com carinho, rarará. Glória! Ensino coisinhas à toa porque nunca
consegui alcançar o nível dos peritos, pela graça divina. Somente com muita
vodca no juízo e uma cara de compensado, o professor brasileiro do idioma dos
outros consegue arrotar certas heresias e frivolidades, francamente. Confesso
que botaria uma banca hostil, com pedigree e farofa de banana, se tivesse vivido e
estudado em Bristol, pelo menos dezoito anos. Não é, nunca será o caso.
O homem aprende porque
compara. Minha língua adorada, em todos os momentos, acolheu, confortou, arrimou
meus passos hesitantes, no movediço terreno forasteiro. Sutis semelhanças, profundas diferenças, a essa aproximação atribuo minhas razoáveis, relativíssimas fluência e acurácia. Quem lhe propuser
abandonar seu léxico, sua identidade semântica e morfológica, à própria sina de ser servil, rarará, para
abraçar outros nobres arranjos de sons, signos e significados, é melhor que mereça completo descrédito,
quem procura insistir no esquecimento da sua língua, jamais conseguirá lembrar-se direito de outra, esse
um orador e escrevinhador fadado à incomunicabilidade. O homem compreende
porque compara. Comparado ao meu serviço de escrava parda, comparado ao meu arrebatador cansaço, todo ócio para mim é
pouco. Porque posso, não faço.
Para Evelyn. Pensei em você, enquanto escrevia.
Para Evelyn. Pensei em você, enquanto escrevia.
Amei esse texto!!
ResponderExcluirQuem pode, pode, né?!
Coitado de quem pesa que você não trabalha, tia.
Mainha fala isso o tempo todo:
"Adriana fala que só gosta de vadiar, mas começou a trabalhar ainda novinha, sempre acordou cedo e sempre trabalhou d+!"
Bjão
Manu
Menina, uma dureza, nem me fale. Vinte e sete anos labutando, desses vinte e sete, pelas minhas contas, vinte e três, pasme!, ralando de segunda a sábado. Deus é bom e justo, eu precisava demais desacelerar... Beijos, Manu.
ExcluirQuanta alegria ver que lembrou de mim !!! Até me emocionei ...e adorei a charmosa e poética interpretação da procrastinação....ou melhor, do procrastinador! rs Só tem um problema, agora quando eu pensar nisso vou esquecer qualquer outro sentido e só lembrar que a minha querida e douta (existe feminino pra isso mesmo???) amiga disse que "o impossível floresce mesmo é na escassez de tempo" e que "os adiamentos conscientes são o combustível das máximas competência e criatividade" !!! Resumindo, agora FUDEU de vez !!! kkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirEita, rarará!!! Tu vai é dar um show de bola no dia da tua defesa, mulher!!! Beijos!!!
ExcluirAcho que a procrastinação é característica de todo ser humano de verdade, não dá pra ser homo sapiens e não ter uma preguicinha de vez em sempre, ser sapiens cansa! Uma coisa que eu li por aí e nunca mais vou me esquecer: "deixo pra fazer os trabalhos na última hora porque sei que a cada minuto que passa eu fico mais velho, portanto mais sábio."
ResponderExcluirBoa, Philips, rarará!!! Beijo!!!
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