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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Balangandãs

Um rosário de ouro, uma bolota assim, ai, quem não tem balangandãs não vai no Bonfim! Oi, não vai no Bonfim! Oi, num vai no Bonfim! O cara é a cara da riqueza: Dorival Caymmi sai com mais de mil, relacionando os penduricalhos e borogodós dos quais a baiana se gaba, a coisa mais linda da pessoa escutar para sair gingando vida afora. Dorival Caymmi do Brasil – serena lenda sob a tenda ao pé do mar, o painho ilustre de Nana Diva – a musa de qualquer estação primeira, Nana: o sentimento sentido da música da gente. Nana Caymmi cantando ‘atirei o pau no gato’  me representa inteira, minhas digitais, meu pedigree, representa também a categoria premium da senhora, madame, aposto. Já que tá dentro, amorzinho, deixe, né não? Recuar, nem se eu quisesse. Uma vez iniciado o pedregoso tratamento, seus males, flor de formosura, espante como puder, é desse jeito. Desço as escadas imitando Carmen Miranda, bracinhos roliços agitando-se sobre a cabeça de minhoca com gravíssimos distúrbios sinápticos, uma bolota assim, uma bolota assim, Ronaldo rosna, as promissoras manhãs encontram Ronaldo pelo avesso, mal humorado de carteirinha: ‘deixa disso, palhaça!’, rarará, tudo porque vou precisar destapar, à britadeira, a rolha da goela. Todo dia é uma agonia para engolir os botões de cortisona, cada bolacha, uma broa dessa idade assim, não me lembro se comentei, experimento uma dificuldade absurda para deglutir qualquer alimento, não consigo comer carne, por exemplo, faz tempo que nem tento, tudo emperra no alto do gogó, a felicidade foi esse doutor escapulir da aldeia dos anjos para esclarecer que faz parte, querida, faz parte, o sintoma é próprio da polimiosite madura, minha sofisticada enfermidade de incontestável prestígio, que num sou fraca, beijo a lona, mas no salto fino, ora. A musculatura da garganta está comprometida, ah, bom, agora caiu a ficha, esfolando a mucosa. Do contrário, leitora, a essa altura do engasgo, estaria residindo numa clínica psiquiátrica, enlaçadinha na camisa, sem força. Multiplico os graúdos m&m's por dois, os bichos vão dando cria, preciso quebrar os comprimidos ao meio, a medicação tem porque tem que apear no piso do bucho, uma NO-VE-LA, uma aventura para três metros de crônica de uma morte anunciada, sinceramente. Tem hora que nem pra cima, nem pra baixo, meu desejo é correr doida. A loucura é a gare derradeira, sem cavalo preto que fuja a galope, você marcha, José, para onde? Sanatório geral, última parada. A loucura é, portanto, caos e cais, a salvação da humanidade, que se necesita una locura, ninguém duvide. Acabo de ler uma informação interessante, sei lá, me identifico, rarará, negócio sério, abalizado, estatísticas leais, adormecidas e despertas nos anais dos estudiosos da alucinação e da demência, dados cadastrados no maior respeito. Diz que os portadores de problemas mentais preferem a cor azul, minha favorita, viu essa notícia por aí? Desde que tomei conhecimento desse badulaque fundamental para o entendimento da minha mais recôndita natureza, rarará, os chacras alinharam-se, minha filha, a consciência expandiu-se de uma maneira, meu infinito particular ganhou uma tonalidade celeste, uma compreensão, a santa sanca gris, a tal iluminação, rastreada encarnações a fio, jamais antes alcançada, rarará, Buda mergulhando de bunda no índigo abismo do meu espírito outrora atormentado. Azul é a cor do céu, da água da minha praia, da beleza, da verdade, da calma, da deficiência crônica de siso, azul é a cor mais quente, gente! Vesti azul, minha sorte, então, mudou! A senhora sabia que o chacra do desfiladeiro do pescoço é azul? Estúpido tubo entupido e desorientado do cacete, vou te contar, hein? Minha garganta estranha, rarará... Pensando justamente nisso, acondicionei os remédios numa graciosa necessaire lilás, uma prenda, menina, um mimo, uma bonequinha, rarará... Lilás é a cor do silêncio, é proteção e purificação, transforma as energias negativas em positivas, realça a individualidade, muito útil para os da pá virada, os profundamente tensos e desequilibrados, tadinhos. Uma mão na roda da reabilitação física e psicológica dos sequelados sem um real de saúde na fuça. Maluco é quem deixa para outra oportunidade aquilo de que ainda vai se arrepender amargamente, porque o oco do mundo um dia virou fumaça e o que era importante de o babaca fazer por si mesmo, pluft, dissipou-se, não foi feito. Lilás será destaque, amiúde, na ornamentação da casa e no meu guarda-roupa, de 2014 em diante. Fuchiqueiros de plantão, vocês aguardem.

2 comentários:

  1. Diva!Vc como sempre arrebentando!O que me fez pensar agora,eu tbm adoro azul.Sei lá,me identifico...kkkkk.Bjs Diva! ;)

    Luciana

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  2. Já dizia Chico Buarque em "Vai Passar": ai que vida boa ô lêlê, ai que vida boa ô lálá o Estandarte do Sanatório Geral vai passar!
    Chico sabe o que diz, é pra frente que se anda.

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