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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Candeia

Três vivas para o nove de setembro! Hoje é dia do médico veterinário, duvido que a senhora se importe de tomar ciência desse cisco de fato. O fato é que sei que eu sou bonita e gostosa, e sei que você me olha e me quer, rarará... No que olha, nitidamente enxerga a cláusula pétrea, rarará, bloco de óbvio ululante irrevogável: a minha humilde pessoa arrasta um trem por um cachorro, claro. Nicolau entende tanto da vida, que recuperou-se!! A senhora acredita? Do cume de uma generosidade sem obstáculos, sem limites, para o solo fértil da vida contente de continuar. Nicolau segue vivendo, concedendo-nos o tempo da fé. O tempo exato de aprender a confiar no afeto permanente: sol que nunca se apaga. Na linha acesa do horizonte, não mais que de repente, despontará o pálido momento de acenar goodbye, o lencinho branco, flor de ir embora é uma flor que se alimenta do que a gente chora, todo carnaval tem seu fim, toda história de amor tem adeus, é desse jeito. Nicolau recuperou-se, pelo que dou graças a Jesus Cristo, à Virgem Maria e aos amigos Érica, Cícero e Manuel – a santíssima trindade veterinária de Cabo Frio. Érica é a dermato, Cícero é o cardio, Manuel é o das urgências urgentíssimas. Não existe moeda forte, circulando pelo meio do mundo, que pague a conta de tamanho cuidado com meu bicho. Por tanto amor, por tanta emoção, (e)ternamente, obrigada, meus queridos.
A felicidade há de se espalhar com toda intensidade. Minha doce e bruta sobrinha e afilhada Manu mora com o namorado, agora, em São Luís do Maranhão. Ninguém pode conversar sobre cachorro sem tocar no nome de Manuela, Manu também arrasta um trem pelos vira-latas da casa. Ainda ontem, conversava com sua mãe, a dela, rarará, minha amada irmã Nilde, sobre como ela está lidando com a perda do bebê, perder um filho - homem, menino ou caroço de feijão – não é mesmo lição para principiantes, a barra é um bocado pesada, a gente não precisa provar o jiló da pereba alheia para sofrer, contam como foi, pimba!, a gente vai e sofre, na lata, é desse jeito. Apesar do pesar, parece que anda tudo nos conformes, na medida das possibilidades e vulnerabilidades humanas, decerto: a casa nova, outro trabalho, outra cidade com gente dentro, uma coisa bacana: a gente tem que sacar que gente é gente, aqui e em Birigui, vamos combinar que não há razão para duvidar das grandes chances desse fresco e viçoso relacionamento dar muito certo, gente é gente. Nilde está apreensiva, naturalmente, e desconsolada de saudade, coitada. Danço eu, dança você. Queixou-se de solidão. Ausência de filha, ausência de irmão.
Seu Biu e Dona Rita sempre foram, do mar, misterioso mar, o límpido farol. Meu pai e minha mãe irradiavam máxima luz. Dispunham de uma energia vital, de um magnetismo, de uma densidade emocional e psicológica - a estatura moral que mantinha a prole unida, imantada, orbitando em torno deles e em torno de si mesma. Amo meus irmãos, como os amei no passado. Desconfio que amarei meus irmãos, depois de amanhã, além desta vida. Aliás, de minha parte, não me lembro de consumir meia hora sequer, da dor e delícia da convivência em família, questionando a natureza, a qualidade, os cinquenta tons do amor por meus irmãos, ninguém gastava dia de beira de praia pensando nisso, love was in the air, favas contadas. O amor nos envolvia e alentava. O amor nos feria, mutilava-nos, e a gente sobrevivia de amor, amando mais. A resposta mais curta é fazer, percebe? Amor a gente fazia. O amor remove a montanha e aniquila a impermanência. Assim seja. Seu Biu e Dona Rita, estrelas luminosas, concederam-nos o tempo do fruto da fé. O tempo de aprender a confiar na chama do amor, calor que fica: sol que nunca se apaga. Seu Biu e Dona Rita semearam nos filhos lanternas de amor, lá dentro, bem no escuro no peito. A cada um o direito e o dever de ajustar o foco e varrer as sombras imaginárias do caminho.

9 comentários:

  1. Coisa linda d+,tia!
    Mainha pensa que eu telefono pouco pq já me adaptei, mas eu evito ouvir a voz dela pq fico lascada de saudade...
    Eu deixei de ser mãe, mas continuo com vontade de chorar por tudo... Vai entender, né?
    "Tende piedade delas, Senhor, que dentro delas
    A vida fere mais fundo e mais fecundo "
    Beijo enorme
    Manu

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    1. Você vai ser mãe, Manu. Tempo haverá. Te amo.

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    2. Tia, eu tenho pra mim que esse processo me fez envelhecer(ou amadurecer) uns 15 anos. Passar por tudo sem o colo de mainha, conversar com ela por telefone tentando demonstrar que eu não estava sofrendo e nem estava com medo.
      Agora todos os vestidos estão folgados na barriga, as calças que não cabiam já entram facilmente... Foi uma rapidez incrível! Eu já tava acostumada com a minha companhia 24h no ar... Ruim d+ passar por um parto e não ter o bb. Ruim d+!
      Maaaas já voltei a rotina de trabalho na mesma semana. Dona Rita e Seu Biu deixaram um legado de mulher forte d+ e eu não posso ser diferente,né?!
      Beijo
      MAnu

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    3. "Mas, tendo sido semeado, cresce." (Marcos, 4:32.)Minha filha, a gente sente um orgulho enorme de você. Seja muito feliz. Um beijo.

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  2. Drica, mais um texto lindo! Sou sua fã incondicional. Nicolau, um exemplo. Beijos, Sil.

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    1. E é? Fico lisonjeada, então! Obrigada, querida! Beijos.

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  3. "Sowing the seeds of love" né? O amor, o carinho que sentimos pelas pessoas é fundamental para nos mantermos unidos uns aos outros. Não digo somente na família não, mas sim no mundo todo. O amor é muito importante, nos mantém vivos nos dias de hoje e ajuda a vida a continuar. O amor ultrapassa os limites de espécie, é para além dos Homo Sapiens! É pra tudo o que seja vivo, para tudo o que retribua o sentimento. Nem venha dizer que isso é fraqueza sentimental, já li uma coisinha dessas por aí. É uma ideia ultrapassada que tenta relacionar o chamado "amor romântico" com o carinho para com os bichos. Tenho um livro de 300 páginas que desmente essa teoria vírgula por vírgula hahha.
    PS: Nicolau é o bicho! hahhaah

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  4. The birds and the bees,
    My girlfriend and me in love!

    Tias fofinhas!!! A-DO-RO!!!

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  5. Poxa Adriana...crônica triste para mim !!! Alegre por Nicolau, a fênix, mas não sabia de Manuela (minha amiga de blog e facebook, e que apesar não nem conhecê-la, só a tia aqui em questão é suficiente para me nutrir um carinho fraternal). Uma pena...que triste...uma criança que perdeu uma grande mãe !!! Mande muitos beijos a ela, por mim! Evelyn

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