“Morrer
é só não ser visto”. Ponto para a pessoa do Pessoa. Recebo um
telefonema, vindo de lá, diretamente da batcaverna – a celula mater - uma moça boazinha que só, a moça me informando o dia
e a hora da perícia médica, em Campos dos Goytacazes. Esclareci que não posso
viajar, e nem é porque não quero conhecer a instituição, nada disso, “eu amo o longe e a miragem, amo os abismos,
as torrentes, os desertos”... O problema é que o doutor não deixa mesmo,
nem que a vaca tussa. A alternativa que gentilmente me oferecem é esperar. Devo
ligar para remarcar a perícia quando estiver liberada para a viagem, noutras vãs
palavras insensatas, completamente curada. Tenho um baú abarrotado de retalhos
multicoloridos para cerzir a crônica definitiva a respeito disso, a senhora
jamais duvide. Obviululantemente, declino o convite à contradança indignada “à sombra do mundo errado, murmuraste um
protesto tímido”, posso agora não, passe mais tarde, há que minimamente
resguardar-se, polimiosítica ‘inflamada’, rarará, e desmiolada. Do alto do
manso, a contribuinte sem saúde reivindica, pois, um breve intervalo, café e dois
dedos de paz na alma, se tem uma coisa inútil que incrustei na profundidade da
pele, ao longo dessa minha doce vida besta, é aquela máxima não sei de quem,
nem pretendo pesquisar, porque posso, não faço, Aldous Huxley ‘rings a bell’,
acho que é citação dele: os mártires penetram na arena de mãos dadas, mas são
sacrificados (ou será crucificados?) sozinhos. Bairrista atrevida, petulante,
sem papas na língua, ratifico: em Pernambuco, uma dificuldade dessa fragrância,
simplesmente, não existe, isso não acontece, palavra de quem foi meio filial e meio
matriz, decerto. “A morte é a curva da
estrada”, Fernando Pessoas. “Morrer é
só não ser visto”.
Minha dentista
confirmou a suspeita, dissipou-se uma camada das presas, fale aí a leal leitora
dos meus esdrúxulos percalços, madame do céu, quando, em seus piores dias, a
senhora imaginaria uma doidice assim? Alguma substância do tinhoso corroeu o
meu sorriso, querendo, acredite. Fiquei tão impressionada com a novidade dando
à praia, bem que eu já sentia uma intrusão, uma esquisitice, como se a gengiva,
do nada, despertasse, virasse um organismo cheio de vontades, tudo túmido, rarará,
sensível, me ardendo, o fio e a escovação produzindo uma areia de dente, uma
farinha de esmalte, arre, égua! O capítulo mais interessante do tratamento
odontológico é o preço módico, pela fé. Minha felicidade é a teima, a pirraça, uma
confiança inabalável na plena recuperação das faculdades físicas e psicológicas, só penso em
trabalhar de morrer, de cair o panamá, sei de alguém que não logrará escapar de
pagar essa abrupta despesa, “barco perdido, bem carregado”, Dona Rita repetia, que
Deus me ajude. E Deus ajuda, pereba. Deus ajuda. Ameaça: Deus. Covardia: Deus. Dor: Deus. Pavor: Deus. Solidão: Deus. Compaixão:
Deus. Perdão: Deus. Transformação: Deus. Destino: Deus. Deus morde e assopra,
caçoa, consola, Deus. Deus de mola. Deus demole e edifica o íntimo altar do mamulengo.
Condenados à eternidade, lembremo-nos: o mafuá conta com excelsa Gerência, o time tem
Diretoria.
Já te disse mas não custa reforçar, você é uma pessoa muito forte, mais forte que o exército dos Estados Unidos todo hahaha
ResponderExcluirAh, nos dias pares, eu sou mermo, rarará... Beijo.
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