Pesquisar este blog

domingo, 12 de outubro de 2014

Cachinhos dourados

Estava lendo ainda agorinha sobre Ensino, a vocação para a nobilíssima tarefa, essa baboseira toda, bastante desinteressadamente, Cróvis, craro! Isso a dois passos de 15 de outubro, dia de titia lavar a égua, rarará, um golpe de mestre, meu camarada, um indefectível golpe de mestre. Doida de atirar pedra, disposta a facultar um quarto ao chifrudo príncipe das trevas, danada para esbarrar numa frase de efeitos colaterais lacrimejantemente contundentes, um aforismo potente barganhado na lata por um perfume novo do botecaro, menina, o negócio é o seguinte: as árveres somos nozes e declaro oficialmente aberta a temporada de ganhar presentes. Quando era mocinha, avalie, rarará!, no filó esgarçado do tempo que Dondon jogava no Andaraí!, a minha pessoa era uma mocinha XXG, toda vida fui esse transformer desorientado no meio do caminho, uma desmesura desordenada derrubando os cones, as jarras e os cálices, rarará... Tímida. Arrogantemente tímida. Tímida de querer ser a prata da bala, se é que a madame me entende... Na escola, lembro-me como se anteontem fora, rarará, meu maior sonho era ser pequena... Meu Deus! Concedei-me a graça de amanhecer pequena, rarará! A senhora saiba de uma constatação: daquela tela descolaram-se para engolir o esquecimento os que me enxergaram no fim do mundo do fundo da sala, onde meus mais íntimos conflitos, onde meus mais rústicos excessos escondiam-se. Restaram na memória os professores meia boca, média 8.5, imperfeitos de cultura, os de voltar atrás com o mesmo gás de seguir adiante, sobretudo, aqueles de olhar para mim. Um olhar para mim. Se a megapançuda dona dessa banca, no dia animado de um surto psicótico, resolvesse virar uma estudiosa da Educação, ela difundiria: no juízo final, salvo estará o professor que tenha finalmente aprendido a olhar. Olhar é a nossa missão. Isso de estudar rings a bell, cara, rarará... Na capa do meu trabalho de conclusão da disciplina Literatura Portuguesa XXXIV, rarará, Zé Rodrigues escreveu assim: fôlego para dissertação de mestrado... A heteronímia no Pessoa, espia só o enxerimento... Zé é um sujeito que o vento não carregou, melhor dizendo, carregou sim, trouxe da Universidade para o meu portfólio de saudade. Sempre quis descobrir que erva braba aquele professor puxava, rarará, porque o cara achar que minhas pernas bambas sustentariam essa empreitada... Logo eu, conservada no viandalho da mais legítima preguiça. Estudem pacas, meus pimpolhos. Estudem, que não há mesmo de haver alternativa.
A alternativa é o partido necessário. PSOL? Vai se tornar PT, pode anotar. Stick around, it may show... Garanto que conto, nunca fui baú pa guardar segredo. Votei em Luciana Genro Socialismo e Liberdade, galera acompanhou, entre entusiasmada, abismada e profundamente contrariada. Lá em casa, bicho, deu o que falar. Minha irmã teve a audácia de afirmar que foi apenas porque saí de Pernambuco, um comentário que decidi não comentar, ela é cardiopata, tem sérios problemas de saúde, pretendo, portanto, poupá-la. Votei vez primeira num candidato a estadual pelo partido, ainda morava em Recife... Deixa pa lá essa porra... Sou forte, sou por acaso, minha metralhadora cheia de mágoas... Eu apanhei de Fernando Henrique e CIA anos a fio, descomposturadamente. Jamais gostei deles, entretanto. Aprendi com Painho. É diferente. Com o PT, eu tinha um caso de amor, uma estrela brilhando no peito. Dói demais, cara. Trata-se de uma traição tão funda, mas tão funda, meu anjo da guarda vê meu sentimento ao optar por Dilma no segundo turno, ele vê, cara. Talvez Luciana tenha me fisgado aí: ‘parei contigo!’, entendesse? Renunciando àquilo que até um guri buchudo sabe que o partido dos trabalhadores, no frigir dos ovos de ouro, tornou-se. Essa minha licença forneceu, sem aliança, sem contrapartida, rarará, rolos de pano para as mangas, tenho lido tanto sobre o PSOL, o PSOL acolhe em seu regaço o melhor deputado federal desse país, assim como a melhor bancada do Parlamento, saiu nO Globo, vigiasse? O PSOL discute homofobia, maconha, aborto, na esquina da rua, saboreando um caldo de cana e um pastel de feira. Propõe que se pense a respeito do respeito. Aproveitando a célebre de Lula, rarará: nunca antes na história do meu país interior, nunca antes nas minhas entranhas, esses assuntos espinhosos renderam tanto pensar. No momento em que se oferece a Bolsonaro e sua trupe um estoque extra de mamadeira de espinafre, fortalecendo no Congresso, no Senado, uma base que não é religiosa, bom se fosse, é uma tribo torpe, truculenta... Bolsonaro é aquele degenerado do arranca com Preta Gil, o que disse não correr o risco de ver seus filhos envolvidos com negros, porque seus filhos foram bem educados... No momento em que a histeria grotesca, preconceituosa, doente, esvaziada de lógica, de sentido, de um dedo de humanidade, no momento em que Malafaia toma assento no sofá da minha residência...  E eu confesso que não visualizo o estalo, como foi que, de repente?, isso aconteceu, cara? Sei que foi assim... Nesse momento, a plenos pulmões, Luciana brada: uma ova!! Pois, muito bem: uma ova!!! Ninguém é a favor do aborto, ninguém. Esse questionamento não me atingia antes. Hoje me alcança. E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto e nenhum no marginal... O feto anencéfalo, o feto do estupro, o feto que, desenvolvendo-se, matará seu próprio regaço... Faca no feto. Uma mulher que, pelas razões as quais você nem se atreva a tocar, não julgue, madame, não julgue, uma mulher que decida interromper uma gravidez, com uma agulha de crochê, vai fazê-lo, não adianta. Que os anjos lhe concedam alguma assistência intergalática, que ela, por Deus do céu, sobreviva. Uma mulher de posses vai comprar um médico, dois, três, vai comprar um hospital inteiro, acredite. A pena existe, é individual, varia de doze a vinte e quatro horas, passando pra dois, cinco, doze anos, até prisão perpétua, a culpa algemada no calabouço da alma. Depende de como a maluca se sente. Sinta. Há mulheres católicas, há mulheres evangélicas, há mulheres espíritas, budistas, umbandistas, há mulheres agnósticas, mulher à toa, mulher ateia... Nossa missão é olhar. Olhar limpo. Igualzinha a Adélia, não dou conta de envelhecer sem uma fé. Tem fêmea que até prefere, cara, o mundo é desse jeito. É preciso proteger as mulheres. É preciso protegê-las. Debate encerrado? Tenho lido tanto sobre essa mulher doce e raçuda e bonita, a Luciana. Googlei assim: Luciana Genro escândalos. E li, li, li, depois li mais um pouquinho. Aparecia a palavra patrocínio, a palavra doação, a palavra empresário, era eu danada lendo. Descobri, afinal, o que é o Emancipa, essa máquina mortífera de roubar, de fazer dinheiro. Pelo amor de qualquer deus, gente... Li mesmo, li procurando deslizes políticos mínimos, baques alarmantes, um escândalo de grande monta, que lhe marcasse em definitivo o caráter, a falta dele, algo que desabonasse minha aposta no que vai por baixo do caracol desses cabelos. Luciana tem que matar o pai à paulada e fazer voto de pobreza, depois a gente começa, se for o caso, a conversa. O mais engraçado é que essa história dos cachos tresemmé de Luciana remeteu-me imediatamente à fabula, adoro fábulas. O ‘princípio de Goldilocks’ vem daí, aplica-se a rodo, nas ciências em geral, pode consultar. Não vou dispensar meu cochilo pra isso. Nunca disfarcei: criei-me vala comum, cova rasa, rasa, poleiro de pato, pires de porcelana, dragão partido, flor branca. Ouço o galo cantar e invento o resíduo da carochinha, rarará. Era uma vez a menina Cachinhos Dourados passeando na floresta. Cachinhos Dourados topou com a mansão da família Urso Papai, Mamãe Ursa, Ursinho Filhinho. Porque todas as ausências são atrevidas, e porque Cachinhos Dourados não é bolinho, Cachinhos Dourados foi cutucar o cão com a vara curta. Diz que já experimentou o mingau, refestelou-se na poltrona e na cama. O quarto principal mantém-se trancado a sete chaves, tenho para mim que tudo é questão de ajustar o PESO e o passo, nessa disputa tão desigual, briga de cachorro grande, de fera ferida. Cachinhos Dourados é uma observadora inteligente e perspicaz, Cachinhos Dourados é tarada numa análise fria e honesta dos casos. Juro pela minha mãe mortinha que desconheço o fim desse babado, desconfio que Cachinhos Dourados esgueirou-se porta afora, nunca desculpou-se pela invasão ao domicílio. Vai dar um rolé na outra banda do bosque. Deve imaginar que voltando ali, no calor da emoção da coisa toda, Zé Colmeia vai comer o fiofó da garota. 

2 comentários:

  1. A Luciana, apesar de certas críticas que ela sofreu internamente por outras correntes do partido, sem dúvidas desempenhou um papel fundamental para essas eleições. Ela foi a única candidata disposta a debater honestamente e sem meias palavras, a pauta que veio das ruas em junho. O que é a política senão o debate e o enfrentamento? Sem Luciana, as eleições seriam resumidas ao PT e ao PSDB medindo o tamanho de seus escândalos. Dentro da esquerda socialista brasileira existe uma confusão muito grande com relação às eleições. Partidos como o PSTU, PCO e PCB usam seus 54 segundos de TV para fazer propaganda do comunismo. Estão completamente perdidos. Mesmo se houvesse um tempo maior, não há motivos para fazer esse tipo de discurso para uma população que não faz ideia nem pra que serve um deputado, para uma população que tem as carências mais básicas, temos que falar a língua de quem nos ouve. É preciso ir aos poucos, um degrau de cada vez. O PSOL foi quem mais acertou, o Luciana na internet, na tv e em seu plano de governo não está pregando o socialismo, a ditadura do proletariado, o fim da propriedade privada. Nada disso. Ela vocaliza as reformas que a sociedade quer e que somente a esquerda pode oferecer: transporte bom e gratuito, saúde 100% pública e de qualidade, educação como prioridade, redução da inflação, etc. Pra fazer isso é preciso ter muito dinheiro disponível, tudo o que o Brasil não tem já que Dilma e o PT destinam 46% do nosso PIB para o pagamento dos juros (e somente os juros!) da dívida externa. Como Luciana sempre diz, pra fazer política é preciso contrariar interesses. É preciso ter em mente que interesses os candidatos pretendem contrariar: os do povo ou o dos capitalistas. O imposto sobre grandes fortunas, a renegociação da dívida externa, os 10% do PIB pra educação PÚBLICA já, a implementação completa do SUS e reestatização dos setores estratégicos (energia, telecomunicações, transporte e indústria de base), a reforma agrária e urbana, assim como as pautas das minorias, são as pautas que Luciana e o PSOL escolheram e tenho certeza que não estão contra o povo. Você falou muito bem quanto o PSOL se tornar um PT quando chegar ao poder. O partido que disputa as eleições burguesas está em intensa contradição, por isso é preciso ter muito cuidado. Quem chega ao poder e não luta para devolver o poder ao povo, acaba se acostumando com ele. É preciso manter a coerência do início ao fim. Vamos vigiar o PSOL para que ele não se perca na próxima esquina, um partido tão bonito não pode passar pro lado negro da força kkkkkkk

    ResponderExcluir