Excelente segunda-feira letiva, querubins de titia.
Faça-se a luz. Luz e cor. Português, química, física, história, matemática,
biologia e geografia, rarará, entre outros quitutes indigestos. A sorte me
sorriu, acredita? A espiritualidade amiga intercedendo, decerto. No fecundo
semestre que ora desponta lento, minha ralação senzalesca começa somente às seis e meia da
noite, ainda não deu para parar de vez, a senhora já entendeu, não é? Ando
devagar. Entretantomente, não posso reclamar, gracias a la vida que me ha dado tanto, inaugurar os trabalhos
didático-pedagógicos, ui!, um pouco mais tarde, vamos combinar, caiu como uma luva XG,
rarará, está de muitíssimo bom tamanho. Confirmo agorinha, no horário saído da boca de forno, forno:
os alunos novos são de Eletromecânica - mais rapazes, em geral, menos moças, as
meninas, for a change, dando a volta
nos moleques, mulher conhecedora de número, de instalação, de eletricidade, sai
de baixo, é o cão de camisolão, quem segura? Eletro é uma galera eminentemente bacana,
quando eles percebem que não dói, é na banguela, desliza, a demora é quebrar o
gelo. A gente vai engolindo cada sapo no
caminho, a gente vai se amando, que também sem um carinho, esse rojão, meu
camarada, ninguém aguenta. At the end,
in the end, ganhamos todos, não se
perde nada.
Inventei entretantomente
e obviululantemente, rarará, por
causa do maior de todos. A dobradinha Chico Buarque e Edu Lobo assina a trilha
sonora de Cambaio, uma peça
maravilhosa a que assisti em Recife. Gostei tanto que comprei o CD, em seguida.
Depois, em casa, li que os críticos de teatro tiveram uma impressão bem diferente
da minha, sobre o audacioso espetáculo, o que não chega a ser novidade, crítico
de teatro é um bichinho esdrúxulo, meio ruim da bola. Besides, gosto não se discute, sempre haverá quem prefira o rosa
bebê, o verde oliva, o mais azul, assim como haverá quem arraste o trem pelo
amarelo, afora os daltônicos fãs dos cinquenta insípidos tons de cinza da paleta.
Chico e Edu criaram um advérbio bacana para uma belíssima canção desse CD,
chama-se Uma canção inédita: mas se, roendoasunhasmente, me quiser ouvir,
descalça no breu. Os especialistas julgaram equivocado o arrojo, bastante
aquém do extraordinário talento da dupla dinâmica. Eu adorei, achei
apropriadíssimo. Ouvir-me ansiosamente? Impacientemente? Nervosamente?
Agitadamente? Não. Roendoasunhasmente! Impeccable. Perfeito.
Entretantomente, desnecessário aprofundar a polêmica
desse braço de crônica, quando a minha intenção, desde o início, era contar aos
meus leitores um negócio estimulante. A história da catita? Sort of, rarará... Por isso que eu me amarro nesse gênero nem aí, ratatouille com farofa, chinelo velho. Tia Ada, minha irmã, é a mais competente alfabetizadora de
Pernambuco. Tia Ada aposentou-se, sem sossegar o facho, não larga o osso nem
por decreto, vocação é ali. Dos seus sessenta e cinco anos de nada mole vida,
quarenta e sete vividos a serviço da escola pública, me arrepia a espinha. Dia desses, Tia Dau - Tia Ada é como chamam-na os miúdos - me mostrou um troféu, um
negócio feito uma placa sei lá de quê, um prêmio da Secretaria de Educação do
Estado, por sua relevante contribuição à mesmíssima Educação do Estado, isso nos rincões do nosso
glorioso Leão do Norte, uma coisa absolutamente inacreditável, a senhora
concorda? Sessenta e cinco anos não são sessenta e cinco horas, madame! Escorre
aos litros o amor pela criança virando concha, virando seixo, virando areia,
prateada areia, virando peixe, caranguejo, siri e pescador, catador no mangue da sala de aula, é desse
jeito. Parece que Eduardo Campos espana coices, safanões e medalhas, adoidado, a torto e a direito, rarará,
na cara das professorinhas, o governador desce a lenha, tira o couro da categoria, sonhando
com a presidência da República, sinceramente. Pois o olho de Tia Ada acende, cara
leitora, ela explicando como fez para induzir o olhinho curioso do desfavorecido petit a fuçar o buraco do rato, examinar do roedor a pança, as orelhas, o bigode gelado, roendoasunhasmente desvendar seu interessantíssimo mundo imundo, escutar a música, para ler depois, perder o temor, soltar a franga, pintar o
sete com a Ode aos ratos, outra
composição cascuda, outro belo e intrigante quebra-cabeça do maior de todos. Chico pediu ajuda a Paulo Vanzolini, aquele cara autor de Ronda, a senhora sabe, de noite, eu rondo a cidade a te procurar sem encontrar. O grande artista paulista era também zoólogo, deu uma tremenda força pro blue-eyed carioca, o maior de todos. Resultado: Ode
aos ratos é uma obra-prima, além de travar a língua porretamente, rarará, um poema riquíssimo, encantador para um guri
aprendendo a gostar de sopinha de letras. Rato
que rói a roupa, a rapa do rei do morro, a roda do carro, o ferro, o barro,
roto que ri do roto, rato ruim, que rói a rosa, o riso da moça, e numa rua
arriba em sua rota de rato. A passear pela cozinha da cronista de meia-tigela, rarará. Cadê? O
cãozinho dela matou. Que nojo!
O Eduardo Campos dá prêmio pra tentar enganar professor. A repressão às manifestações lá em Recife foram tão violentas quanto no Rio. Aconteceu algo, inclusive, que pensei ter ficado nos mais fundos porões da nossa história: sequestro de lideranças do movimento pra tortura em uma vã preta que logo após o "interrogatório" dispensava as vítimas a quilômetros de casa.
ResponderExcluirEssa história dos ratos me lembrou minha ida ao Anima Mundi. Estávamos procurando um lugar pra almoçar lá na Lapa. Comida vendida a peso de ouro, até que encontramos um restaurante mais baratinho. Foi a gente decidir comer lá e eu escutar do outro lado da calçada uma criancinha gritar "Mãe, olha! Um rato!". Todo mundo olhou o bicho saindo correndo pela calçada e sumir dentro de um bueiro. Fomos comer a quilômetros de distância hahaha.
Tô amando esse ritmo mais regular de postagem ;)
Felipe, meu caro,
ExcluirVocê vai longe. Esse carinho todo com o bloguinho é absolutamente comovente. Obrigada. Beijos.