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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Chocolate com pimenta

A de hoje vai ser expedita e rasteira, do jeito que seu rei mandou dizer, I can feel it in my bones, é isso. Off the top of my head, sem as devidas rotundas reflexões, nada além de uma doce ilusão, como me apraz essa ilusão à-toa, caro leitor incondicional do meu enredo... little useless  food for thought, rá rá rá, enchimento da linguiça que a senhora consome, na quitanda da gorduchinha escrevinhadora, ouvidos moucos da própria voz reverberando no porão do juízo, a senhora lê alto o meu papiro, não minta, a língua estalando, lambendo os beiços, não minta, a senhora pigs out sem uma pataca de culpa, sem dar fé da validade do produto. Venceu, minha senhora, venceu faz é tempo, perdeu a graça, convém munir seu estojo barbie lilás dos sachês de efervescente sal de frutas eno sabendo à maracujá, abacaxi e guaraná, eno guaraná - o top ten dos lançamentos do mercado, também na versão bolinhas dispersíveis, as apaziguadoras das perebas do estômago e do coração partido, um bom chá pra curar azia, um bom chá pra curar essa azia, o que sobrou do céu. Estou de brincadeira com meus meninos de Petróleo e Gás 2, ontem, a gente fiou uma conversinha leve, engraçada, na classe (palavra linda essa, adoro que o meu ofício floresça na ‘classe’, o meu único refúgio), os meninos estudaram um balaio de idioms com nomes de bichinhos e de partes do corpo, um intervalo despretensioso como eu, que ando cansada de tudo, um encontro de olhares e de mãos e de sentimentos do mundo, entreato entre os tempos verbais que aprenderão cedo ou muito mais tarde, por sua conta e risco, sem a minha má influência. Pois muito bem, esses meninos, ninguém duvide, esses meninos, por mais desclassificada que seja a aula vagabunda que o sujeito venda a preço de banana (são muitos os convidados, raríssimos os legitimamente eleitos, por inevitável vocação, para a profissão imaculada), ah, esses meninos vingaram já (Merda, buddies! Break your legs!), ninguém segura esses bebês.
Quando eu não puder pisar mais na avenida, quando as minhas pernas não puderem aguentar levar meu corpo, junto com meu compromisso reafirmado a cada amanhecer, escolherei parar, não estou nessa de pedir arrego, não faz meu tipo, disso os meus superiores, os quais respeito, reverencio demais, podem ter certeza. Anteciparei minha aposentadoria, devo ter direito a isso, lamentando apenas o azar de não contar com articulações saudáveis para seguir adiante, fazendo a coisa simples e certa, ensinar, toda vida, foi meu ar. Por hora, trabalho com prazer, não é possível que haja na escola alguém que pretenda colocar à prova essa pura verdade, prazer, apesar dos pesares, trabalho com honestidade, humildade e afinco, dentro das possibilidades, tirando riso de pedra, que meu organismo caprino libriano constitui-se de carne gorda e de bom humor, careço de siso e de riso para caminhar. Tenho, sob minha responsabilidade, um grupo de taxistas, gente da melhor qualidade, um servicinho extra que me impuseram, insistiram tanto, acedi, cordeirinha obediente, manda quem pode, faço as minhas objeções a esse jeitinho Dilma de ser e de desentender de Educação, enfim, mais doze horas semanais no lombo da professorinha ruim dos joelhos, ‘já que tá dentro, deixe’, é o meu lema. Pois bem, a minha primeira e derradeira experiência com esse programa do governo Dilmaligna, rende frutos dulcíssimos da gente saborear. Quarta-feira passada, dei um susto na galera, marquei uma prova para segunda próxima, o mundo se acabou dentro do “laboratório de idiomas”, rá rá rá, a senhora notou? No meio de uma revisão last minute, que inventei, no fim do segundo tempo, meu aluno menos jovem, rá rá rá, salvou, sem a menor intenção, a minha semana. Seu Estalin falou bem assim: “gente, eu nem sabia que eu tava sabendo tanto!”, dá pra tu? Acabei de me lembrar da frase. Pimenta no fiofó dos outros, Dona Rita que o diga, pimenta no dos outros... é refresco, não me esqueço. Um centímetro, ao menos, dessa historinha mequetrefe, tem de, pelo menos, cheirar a cheiro artificial marrom-bombom de chocolate.
Ontem, troquei figurinha de cromo com a minha mais nova aquisição, rá rá rá, os miúdos de Petróleo e Gás 1, uma belezura de gente, gostei muito deles, uns amores. Quando eu partir, terei feito muito bons amigos por lá, decerto. Mais tarde, absolutamente por acaso, encontrei Cibelle e o namorido, o famoso Zé, um figura inoxidável, adorável, a propósito, ele emparelhado com ela certinho, feito dedo na venta, os ruins de tão bons se reconhecem, Cibelle é uma pérola, não é possível que exista na escola alguém que se atreva a questionar essa mais pura verdade. Lindos os dois, envolvidos, enamorados, perispíritos incandescentes, saca? Prontos, é isso. Longa, açucarada coincidência, regada à cerveja e à alegria de amar e de ser amado, parece que estão se organizando para engravidar, depois que ela debulhar essa porra desse doutorado das trevas, um entrave para qualquer embrião de felicidade. No pequeno dia em que um doutorado produzir um professor, minha senhora, dou uma festa, a despesa será toda minha. Morremos de lacrimar, duas bobonas com pedigree, sob o olhar atravessado dos machos adultos que não choram, rá rá rá, enquanto conversávamos sobre o lance de João e de Karlinha, tão inusitado, tão bacana, tão potente, o amor contente de poder continuar, teu queixo no queixo do teu filho, ad infinitum, assim seja. Tanto que Francisco apressou-se em meter o inocente bedelho, o milagre de ser uma pessoinha e tanto, Francisco franco e forte, quebrando tudo, com a corda toda, a inspiradora imagem do sonho real, num pinguinho de gente, tiquinho de grande homem.

Para Cib e Zé, os brigadeiros da quinta-feira.

5 comentários:

  1. por enquanto, meu filho é um livro.. mas coisa boa é a gente poder perpetuar, ... virar gente, construir familia.. é um sonho novo hoje. um beijo, tia. Lu

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  2. Cibelle está enamorada? Ai que linda, sorte e felicidades pra ela e pro Zé, que pra mim é uma incógnita. Pérola? Com toda certeza, polida e bem cuidada, uma "lady" aquele mulher, mais educada que uma princesa.
    Fiquei muito desapontado com o seu comentário de que doutorado (na maioria das vezes) não ensina ninguém a dar aula. Triste isso, ainda tinha esperanças em relação à um pessoa. Não é a tia Cib.
    Filhos, sonhos inexistentes na minha cabeça, mamãe desejava que eu tivesse dois, uma casal de netinhos lindos, segundo ela. Mas nunca me imaginei "pai". Mas quem sabe né? Linda demais a crônica.
    E sobre antecipar a aposentadoria, antecipar pra quando? Pra daqui a uns 3 anos né? Pfvr, não me deixe.(Egoísta, eu sei.)

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  3. Amei aquela tarde e a crônica!! Vou mandar para o Zé... ele amou vocês, ficou o fim de semana com a sua frase "Ninguém dá nada por ela..." kkkkkkk

    E que sensível o José (aluno)- Felicidad para ti también! Pelo jeito vai ser seu discípulo...

    Linda homenagem ao Francisco!! Viva el amor!!!!

    Besos!! Cibi

    Ah, e ouvindo Benjor lembrei de você, teacher apaixonada pelo que faz: " Se o malandro soubesse como é bom ser honesto, seria honesto só por malandragem..."

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