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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Greve de pijama

Faz uma eternidade que aqueles que trabalham muito bem para o bem da boa educação pública federal, estão em greve por tempo indeterminado, travando conspícua  batalha com as autoridades responsáveis, tudo em prol de uma pá de coisas fundamentais, assim como fundamental é mesmo um amor, que é impossível ser feliz sozinho, pelejando contra o corte de verbas do governo para o setor, por justo reajuste de remuneração, pela reestruturação do plano de cargos e salários, sobretudo, pela reestruturação da auto-estima do funcionário público, etc e tal, e eu sinto muito orgulho de serem os meus dois bracinhos roliços, mais dois braços que mantêm-se cruzadérrimos nesse momento, porque se não é assim, ninguém se coça para resolver essa parada. Tem tempo já que eu sou da casa, participei de outros acirrados embates, sofri represálias, fiquei sem pagar minhas contas, melhor dizendo, paguei minhas contas com dinheiro de parente, pra num ir presa, e não quero essa agonia para a minha cabeça de novo, nem para as formidáveis cabeças (pense num povo inteligente!) dos meus diletos colegas de trabalho, Deus nos livre dessa provação. Portanto, torço para que Nossa Senhora Desatadora dos Nós intervenha, garantindo-nos um breve e excelente retorno às atividades profissionais, com o sentimento do dever cumprido, de pretensões satisfeitas, na certeza da preservação dos nossos direitos, determinados a respeitar porque fomos respeitados.
Confesso que adoro um bastidor. Não sei brigar, nem nunca na vida tive um centavo de senso de liderança, aliás, se a minha pessoa tiver de gerenciar alguma coisa, vai ser um Deus-nos-acuda sem precedentes, que eu também padeço de SDEC, a síndrome da desorganização espacial crônica, além de DP, demência progressiva. Sabe aquela piada das tartarugas, velha como o tempo? Pois, pronto. Ela me cai feito uma luva.  Se me derem duas tartarugas pra eu tomar conta, uma escapa, e sem quaisquer dificuldades. Eu já era muito apaixonada pelos meus alunos, eles devem saber disso, mas, por causa exatamente dessa paralisação de atividades, amo-os ainda mais. Acompanho o rebuliço, por trás das cortinas, não vi nada na TV, e é absolutamente enternecedora, emocionante mesmo, a garra desses meninos, o despojamento, a ousadia, a compreensão que eles têm da importância da participação de cada um no nosso movimento aqui, no coração da cidade. Quero parabenizá-los, grandes cidadãos dos Lagos e do mundo. Se pensarmos que os mestres somos nós, que isso é o que floresce, apesar de todas as adversidades, do que plantamos dentro da nossa escola, a luta continua. Café, a conta e a rua.
Tem gente que é de um vigor, de uma criatividade impressionante. Tem gente ágil das pernas e dos miolos, seres humanos, sem dúvida, privilegiados, favorecidos com um gás, uma energia vital, uma iniciativa para realizar tudo, muito e ligeiro, acho isso um troço fabuloso, mas eu não sou assim. Meu modus operandi é em slow motion, that’s it. De modos que, se me apressarem, eu me estaboco toda e quebro a cara no chão. Junte-se a isso a convivência cotidiana com o maior dos meus males, uma preguiça que é minha desde antes de eu sair da barriga da minha mãe para essa confusão, e você saberá por que não fui escalada para integrar a seleção power rangers do comando de greve. Muito ajuda, quem não atrapalha, diz o ditado. “Não sei se a vida é pouco ou demais pra mim”. Pelo sim, pelo não, permaneço de pijama. Café e a conta. A luta continua.

2 comentários:

  1. To passeando pelo blog :)
    Aqui entre nós... eu também sofro de SDEC e DP. A preguiça é minha amiga de infância, junto com o sono.

    Felipe Santos

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