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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Prelúdio

Verde perto. Até onde me lembro, a pedra de novembro é a esmeralda. Para o insistente zunido do pé do meu requintadíssimo ouvido, ao passado dou graças, aleluia, novembro é acalanto de ninar gente miúda e graúda, novembro é uma caduca e bela cantiga, toada antiga, no doce balanço do mar da menina maluquinha dos meus cansados, incansáveis olhinhos baços: a hipotético-epiléptica esperança. Desde que me entendo por cérebro pulsante e independente, ao passado dou graças, aleluia, bem-aventurados os de fazer a infância brincar de pensar, desde menina maluquinha, tenho essa alma burlesca de girassol desequilibrado, sempre escolhi sentar-me à janela da mínima gravidade, quero levitar sobre a graça e sobre a beleza, quero ver e escutar o patético e o poético, do jardim da casa, inclinada para o lado da esperança. Toda vida antipatizei, de cara e sem subterfúgios, com as águas de março fechando o verão, antipatia natural extensiva ao insólito mês de agosto do desgosto. O homem que eu amo faz aniversário em agosto, tem crachá de leonino, inclusive, mas ainda não me fez desfazer a inexplicável cisma, cerveja como são as coisas. Cá entre nós, duvido que consiga. Em contrapartida, simpatizo de morrer com maio, setembro, janeiro e novembro, novembro então, minha senhora, é o meu xodozinho, no dia que eu mentir, a senhora já sabe. Às vezes, imagino que esse chamego todo passa por Cris, minha sobrinha adorada, meu sol, meu ar, permanente erupção de estrelas dentro do meu céu de acaso. Cris nasceu numa ensolarada manhã de novembro, o dia mora na minha cabeça e nas senhas do banco, um bom psicanalista confirmaria a suspeita, caso eu desejasse, lamentavelmente, assim... eu não desejo.
Novembro tem feriados, no plural, um plus a mais (rá rá rá) para ele. Soube que a gente vai ficar de papo para o ar quase uma semana inteira, mais dois dias da semana seguinte, nem procurei entender como é a história, assenti no ato, à guisa de cordeirinho manso, gostei tanto da informação, deixei quieto, temendo o fatídico ‘não é bem isso’ dos mal amados bruxos de Salém de plantão, dessa gente, andamos bastante bem servidos, naquela respeitável instituição, faz parte. A propósito, tenho, doravante, um pacto de sangue comigo, devo comunicar-lhes: enquanto a autora deste blog respirar, nenhum ser, vivo ou morto, entre os súditos, reis e rainhas da terra, ninguém, absolutamente ninguém, nunca mais, vai meter aqui o bedelho. Prometo disponibilizar, na aba deste modesto diário, oportunamente, um espaço de aproximações, chamemos desse modo, um espaço com as minhas sugestões de leitura, abalizadas, portanto, leituras mais prazerosas e edificantes, aguarde. Os incomodados, mudem de estação, a minha porta da rua é minha serventia. Voltando ao assunto, menos insolvente fosse (rá rá rá), devidamente adimplente estivesse (sonha, Creonice...), tomava um trem para as bandas do Recife dos rios cortados de pontes, mas era na hora, feito caldo de cana, estou tonta da profunda saudade. Não tenho grana para um grapete com mariola, vou no Natal, por conta da imensurável generosidade de Ronaldo, vida longa para meu idolatrado Simba! Vivo.
Adoro ser surpreendida por Papai Noel, numa esquecida vitrine de novembro. A hidrocele do bom velhinho lateja, tadinho de Santa, vergado sob o peso do saco cheio, abarrotado de plausíveis e utopicíssimas expectativas. Novembro é o cavalo na sombra, é pit stop, pausa é a palavra, intervalo incubando dias de triste festa, que não há São João do carneirinho que me convença da alegria de dezembro. Dezembro é infinita tristeza aguda, vestida de gala, nada mais. Inaugura-se, afirmo-vos, no alvorecer deste primeiro de novembro, guarde a data, uma nova era, comprometida com o trabalho e a verdade, revolucionária em cada acerto e em cada erro, tenho certeza. A semente germinou, vai brotar do sal a colheita, pura e verdejante. Guardei, na despensa, os principais ingredientes das crônicas vindouras, raros mantimentos pinçados da posse, quem não sabia, agora saiba. As compotas e os potes cochilam, maturando, é lento o procedimento, deixa estar. Por hora, cumprimento o diretor eleito pelo discurso exato, limpo e comovente. Beijo Mariana e Rafaela, suas lindas filhas – seu sangue e sua alma – promessa. Acolho, em meu abraço de nuvem, a sua esposa – humana demais, como você – uma mulher simples e feliz, a quem você entregou seus olhos de lince, para que deles, olhos apurados, a mulher que o ama de amor igual ao das meninas (e tão diferente...), tomasse conta (que coisa emocionante!). Sábia decisão, meu diretor, sábia decisão. Seja muito bem-vinda, Lílian. Tempo haverá para o crescimento da frondosa árvore de espesso tronco. Dos ramos, dos frutos e das raízes. Um brinde ao futuro.

8 comentários:

  1. Estou ansioso pelas novidades do blog! Ansioso também pela maratona de vadiagem gratuita proporcionada por novembro! E já de saída, gostaria de falar que infelizmente nasci no mês do desgosto.

    Felipe Santos

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    1. Os homens de agosto são muito especiais, Felipe! Eu, que não sou besta, casei-me ligeiro, e de papel passado, com um, rs!

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  2. Somos, com a mais absoluta certeza!

    Felipe Santos

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  3. Exercício preliminar para o verão, novembro o que anuncia que logo chegará o verão,calor, luz, férias, sol, cores, amores verão é vida, natal,, ano novo... adoro tudo isso, muito bom, novembro pra mim traz a expectativa do recomeço....
    Como você me sinto feliz, esperando o melhor.....
    Obrigada por me lembrar de tudo isso...Beijo e se cuida
    Walkiria

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  4. Eu não mudo de estação não...sigo aqui feito novela (e olha que nem vejo novela!rs) E sigo me emocionando, mês a mês, seja ele agosto ou novembro. Ah...seu pudesse e meu dinheiro desse, comprava agora uma passagem pro Recife, com direito ao táxi pra Rua da Aurora, só pra não te ver triste minha querida...Mas como também não estou nadinha adimplente (kkkkk) fico só com o Gonzaguinha...Bjos
    "Se na saudade se canta
    Na alegria também se chora
    O amor que dá nó na garganta
    É aquela dor que toda gente adora
    Não fique triste, meu amor"

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  5. Isso, amiga, acaba comigo, vai... já num tô boa das perna, tu vem e...

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  6. Doce novembro e seus feriados. E em Cabo Frio é melhor ainda, com a celebração de sua fundação e o presente de um feriado extra. Acredito que tudo vai dar certo na nossa casa verde e agradeço a calorosa acolhida à minha família dada por ti e por todos que por esse blog passam e que estavam por lá na segunda-feira passada. Minhas pequenas estão empolgadas e felizmente percebo que o receio de Lilian de ficar solitária por essas bandas é cada vez menor. Um grande beijo!
    Anderson Cortines.

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  7. meu amor também nasceu em agosto,, e já sou casada com ele, em coração e alma. são sem duvida homens muito especiais e queridos.
    beijo tia querida!!
    Lu

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