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quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Clã

Minha senhora, vou lhe dizer uma verdade capital: ninguém segura esse bebê, três vivas para a tecnologia! No labiríntico trançado que não é da gente cochilar dentro, refiro-me agora à internet, seus começos, meios e apocalipses (a internet é o terceiro segredo de Fátima, acredite!), a propósito, de presente de aniversário, quero saúde, paz, prazer e alegria, mais uma rede de casal novinha em folha, para fins de acomodar a banha sem aperreio, adormecer e sonhar, eu desejo um apagão bem brasileiro, pretendo dormir de babar na fronha, o pesado e vaporoso sono dos justos. Três vivas para a mais espetacular das tecnologias de ponta, na trambiqueira teia virtual cumbuca do sujeito entornar o sumo das coisas de si e dos outros, minha senhora, na prolífica internet de todo sagrado dia, absolutamente de um tudo se copia. Inauguro um textículo, já imaginando quanta semelhança há de haver com o escrevinhado de anteontem, penso logo que alguém, alhures, postou uma historinha equivalente, nas vírgulas e nos pontos, irmãs siamesas as duas, nas semelhanças físicas e nas diferenças psicossomáticas, rá rá rá, inclusive. Ou vice-versa, claro. Esse meu descrédito na capacidade individual da minha própria pessoa, rá rá rá, de gestar, parir e patentear qualquer besteira que preste, assinada por mim somente, minha senhora, vem de muito longe. “Nem com psicola”, argumentaria Zé, o parceiro de Cibelle, psicola é psicóloga, vocês entenderam, rá rá rá, um amigo gaiato é o melhor ansiolítico dos tempos modernos, a mezinha que salva a gente das intempéries da vida de gado, insipiente e triste. Tenho horror a complexidades de forma e de conteúdo, meu graal é puro e simples assim, desde o descobrimento do meu universo particular. Uma menina pequena não é gente grande nem que a vaca tussa, gastei minha pobre infância tentando, tentando, nadando contra a corrente, dançando fora do passo, um fiasco para vinte e três subjetivas croniquetas, mais adiante. Devia ter arriscado um doutorado aos tenros dez, doze anos de idade, nowadays, dearest, não posso mais.
Cada um com sua dor e delícia. A única verdade indiscutível são as existências individuais. Todos os itálicos deste glorioso blog de asneiras, minha senhora, brotaram do terreno fértil de mentes brilhantes, não saíram do baú da minha cachola, esclarecimento mais que explícito, oportuno, adequado, sem sombra de segredo. Tenho, no máximo, muito boa memória, ouço o galo cantar no porão do juízo, pinço as duas, três palavras raras de que me lembro, o resto é tarefa do google, um despretensioso clique, tchan, mesa posta, para o meu deleite. Amanheci pesquisando, de novo, a tal pia adjetivo, significando salgada, comida pia, sopa pia, caldo pia, devo isso a Felipe, ‘pia, Felipe!, teu belo nome dentro da história!’, meu aluno sabido, leitor contumaz deste espaço de letrinhas, interlocutor querido das minhas maluquices. Vou fuçar mais um bocadinho, meu caro Felipe, encontrarei, em Pernambuco, decerto, caju, delírio, consolo e mais um pio sobre o assunto. Pia é também espia, ‘pia só!’, sei que você sabe. “As fracas aventuras de uma moça numa cidade toda feita contra ela.” Cada um com sua delícia e dor. Minha língua explode no coração da cidade estrangeira porque balbucio o íntimo, intrínseco, intradérmico glossário, pelos cantos da casa, salivando, entrementes, entre dentes - Recife, a tua falta é pia -  ausência quente demais roubando meu sossego e fome, sede salobra, esquisita, saudade austera, infinita, de um pequeno chão e seu mormaço. Engraçado, não perdesse o vocabulário, o sotaque, Adriana... O jeito de falar... Não. Nunca. Não se trata de infelicidade, nada disso, sou feliz aqui, na justa medida das minhas impossibilidades. Disponho de amor clandestino para a Guanabara. O Rio de Janeiro continua lindo, do Corcovado, indiscutivelmente inacessível, o Redentor soberano, das alturas, segue mantendo a promessa de acolher a imigrante desajustada, na nuvem do Seu abraço.

3 comentários:

  1. Pia como fiquei famoso! kkkkkkkk

    A internet deve ser o terceiro segredo de Fátima mesmo, ela pensou em colocar o apocalipse ou qualquer coisa do tipo, mas acabou criando uma conta no Facebook e esqueceu dessas coisas catastróficas...

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  2. O pinto pia, a pia pinga, quanto mais o pinto pia mais a pia pinga.
    Sem aqui, piando suas croniquetas.

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