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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Inseto

Não sei de onde vai sair a historinha definitiva, se é que, endógena, francamente, a menina do olho triste resiste. Tinha muitos planos de impressionar a molecada, amanheci fosforescente, fora de brincadeira, plugada no 220, destemida de cair o queixo, de minha autoria o drible, a firula e o gol de decidir a partida. Fui para o salão de beleza a toda, virada na bala, nos pentelhos de Jane Fonda, a vontade era voltar no mesmíssimo pé-de-vento, coar ligeiro um cafezinho classe A, de Melitta para mais, que ando cheia daquele pó duvidoso da escola, trem ruim do cão, Deus me livre, comprei para casa grãos de grife, altamente selecionados, compatíveis com a estirpe da bela e singela canequinha (coisa que amo é a minha cara escarrada no presente, gratíssima pelo mimo, Evelyn querida, minha doce amiga!), estava tão precisada de abrir o fole, recauchutado o cinismo habitual, a característica ironia, ambicionava escrever de doer, de perder o senso e a beira do dedo, a minhocada efervescendo no caldeirão do juízo. Solou, madame, gorou, deu chabu, tem vez que o tiro sai pela culatra, talvez a senhora acredite.
Programação das mais simples, tudo pela vadiagem da sexta-feira, sabemos. Guardei os restos mortais para outra armação, não me lembro se comentei aqui, na algazarra da comemoração do aniversário, numa das festinhas, quebrei os óculos, foram-se os anéis, sobraram intactas as lentes. Não tinha como o folgado dia de hoje dar errado, a carona de Ronaldo para o centro, uma conversa choramingada com a gentil vendedora da ótica de costume, não contava com essa despesa, veja aí o que pode ser feito, isso e aquilo, três parcelas possíveis no cartão, seguidas das bombásticas, inspiradoras fofocas manicurais de praxe, unhas pintadas, desce um chope, desce mais... e o pano para as manguinhas cavadas do blog. Não tinha como melar. Melou. Por arte do diabo, já de saída, minha estrada entortou. Juro que não vi como foi, acelerava pela Teixeira e Souza, tinindo, sonhando com o livro que hei de lançar este ano, com a cara de pau que Deus me dá toda manhã, a generosidade que nem mereço, uma tiragem modesta, cinquenta exemplares vendidos, a preço de banana, para os familiares e demais leitores pingados do fuchique dos meus amores, seguia fina por ali afora, feliz da minha vidinha besta, de repente, uma lufada e aquela dor acontecendo, com pedigree, ardendo, rasgando a bola do olho adentro. Parei na calçada, ceguinha de pai e mãe, lacrimejando, lacrimejando, fogo na vista, o olho esquerdo queimando, a felicidade foi a Pacheco no calcanhar, entrei na farmácia gritando, meu olho, meu olho, a farmacêutica acudiu, trouxe Lacrima, eu esguichei no meio da cara, misericórdia, molhei o olho, lavei, lavei, encharquei o olho, que dor filha da puta, minha senhora, passou um tempinho, a moça conseguiu, a custo, abrir as pálpebras para examinar, adivinha? Um bichinho feito um besourinho pequerrucho, com patinha e tudo, a moça enfiou a mão, puxou o danado, vivo bulindo, ganas de abarcar o globo... terrestre!, o olho ficou vermelho, aquela fita, só vendo. Me deu uma moleza tão grande, instantânea, uma dor de cabeça, liguei para Ronaldo, o coitado aperreou-se, quando dei fé, tinha chegado para me buscar. Passei a tarde prostrada, pingando colírio, sumidouro, o suco turvo das mudas palavras pingando, pingando, um desconforto, uma agonia latejando, fraqueza, vulnerabilidade, uma inconformação de carteirinha. Logo eu, esse rolo compressor, uma mulher para mais de metro. Leseira aguda na cabeça inchada, esquecida. Estranhos corpos, ele, eu, a crônica definitiva, pobrezinha.

5 comentários:

  1. Meu olho e meu nariz são criadouros eternos de mosquitos, já até me acostumei com essas coisas, só que os mosquitos saem na mesma hora, os besourinhos não hahahaha

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  2. ow tia... se cuide!! atenção com os "zoinho"...
    Bjs, Lu

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  3. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    eh fodaaaaaaaa!
    Pior que isso é vc ter uma crise de risos, virar a cabeça para tras de tanto que está sorrindo e um morcego passar na hora
    e acertar o xixi na sua goela. kkkkkkkkkkkkkk
    bjim
    manu

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  4. Putz...além dos tombos nas calçadas por aí, agora sendo atacada por besouros furadores de olhos !!! Vixe...rsrsrsrsr
    Saudades de dar risadas por aqui !!!
    Beijos. Evelyn

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