Nada
melhor para a saúde que um amor correspondido. Vinícius de Moraes,
o branco mais preto do Brasil, na linha
direta de Xangô, saravá! Centenário do poeta este ano, a senhora sabia? Nem
eu, ouvi no Esquenta, aquele programa
da Regina Casé, meu marido arrasta um bonde por Regina Casé, não perde o Esquenta por dinheiro nenhum do mundo, cada
um com suas devidas esdrúxulas preferências, concorda, madame? Gosto é uma
modalidade de manifestação altamente subjetiva, no tablado do coração da gente,
individualíssima, graças a Deus, intransferível de carteirinha. Intransferível até
certo ponto, vamos combinar, meu bom gosto para as bonitezas da vida vem de
dentro do meu e de outros antiquíssimos olhares e estremecimentos, gosto a
gente não só lamenta, a gente discute em bom estado, ou alterado, rá rá rá,
furiosas borbulhas na boca seca, espumando, a gente quebra o pau sem cerimônia,
exaltasambamente, de estrilar, da merda virar boné, isso entre a segunda e a
sexta-feira, sábado e domingo são sagrados, um
Japão na paz, brancos dias brandos, do mais profundo entendimento matrimonial,
a ferro e fogo, na residência da escrevinhadora. Hoje, pra não dizer que não falei das flores, adorei assistir à Margareth
Menezes puxando uma belíssima canção não sei de quem, originalmente gravada por
Clara Nunes, a noite emprestou as
estrelas bordadas de prata e as águas de Amaralina eram gotas de luar, era um
peito só, cheio de promessa, era só, era um peito só, cheio de promessa.
Cada um com o seu pulsar e com a sua venerável herança estética, peito cheio de promessa. O melhor do Esquenta é
me lembrar de que Ronaldo sempre aprecia as menos graciosinhas, rá rá rá, aqui
e acolá, dispara um elogio a um bichinho televisivo esquisitinho, Regina, cá para
nós e para o povo da rua, é um acidente de trem sem sobreviventes, eu,
descabelada e remelenta, com toda desgraça, amanheço mais bonitinha uma
coisinha, assim seja.
São
demais os perigos dessa vida pra quem tem paixão, principalmente, quando uma
lua chega, de repente, e se deixa no céu, como esquecida.
Vinícius de Moraes, de novo, sobre o meu pesar, sobre o meu contentamento,
amém. Ontem foi noite de show de verão, na Praia do Forte, o melhor prefeito do
Brasil (é Alair, é ooooooooooonze, rá rá rá...) arregaçou com pedigree, queima
de fogos digna de Virada, um negócio espetacular, quem cochilou no Reveillon,
lavou a égua porque viu a reprise, não sei se existe foguetório contratado para
o mês inteiro, bem capaz, soube que o prefeito é chegado nessas exorbitâncias.
Eu, o consorte (um amor correspondido, bote sorte nisso, Rona, rá rá rá!), Zé e
Cibellita, chegamos na orla eram 22 horas e um tiquinho, isso depois de lixar o
esporão numa caminhada dessas do contribuinte artrítico e artrósico, meu caso
comprovado com cintilografia, a senhora já tomou ciência disso, uma caminhada
do contribuinte desejar parar no meio, voltar pálido para casa. Zé estacionou o
carro na baixa do sapateiro, longe pra raio, era isso ou levar o carro no bolso
para a beira do mar, vamos combinar, estava foda. O prefeito falou, em
entrevista, para quem quisesse ouvir, que seu principal objetivo é “Cabo Frio
assim o ano inteiro”, não sei como foi, sei que o prefeito falou desse jeito, o
prefeito deve saber o que anda dizendo. Haja infraestrutura para tanto mineiro,
nunca vi tanto comedor de queijo junto, francamente, desafiando de vez a noção na qual se vê que o inferno é aqui! Onde
o prefeito vai comprar um mínimo de civilidade e respeito, de educação
doméstica e turística, de conscientização sócio-histórico-ambiental para os espécimes autóctones e visitantes
desta terra azul ensolarada, para abundante distribuição gratuita, na entrada
da cidade, onde Alair vai comprar não sei, acho bom a assessoria do prefeito se
coçar, superlotar o estoque, rá rá rá, do contrário, não sobrará pedra sobre pedra.
Enquanto isso, não nos custa insistir na questão, confere, Lulu? O cabra
deu conta do recado muito direitinho, revisitou as baladas consagradas, a multidão
curtiu, soltou a voz, balançou de com
força o esqueleto, empolguei-me inteira, achei bacana. Entretanto, dessa
vez, pareceu-me cansado o Luluzinho, gripado, sei lá, já vi Lulu Santos cantar
mais cristalino, com mais convicção, a juventude é essa força estranha, vai se
acumulando, a pessoa envelhece com pedigree, principio a confirmar, eu mesma,
que dá mesmo nisso. Nada do que foi será,
de novo, do jeito que já foi um dia, tudo passa, tudo sempre passará, a
gente, inclusive, inexoravelmente. Lulu à luz da alaranjada lua que o prefeito encomendou
para a festa. Há adolescências seminuas e
há um vampiro pelas ruas, Vinícius de Moraes. Há um
renovar-se de esperanças, Vinícius de Moraes, esperança, o melhor da festa.
Peitinhos de pitomba, cheios de promessa. A
vida vem em ondas, como o mar, Vinícius Poetinha de Moraes, incógnito e
imorredouro, no coro da molecada.
Sem dúvida o Alair gosta das exuberâncias! Já fiquei sabendo que ele quer abrir mais a Avenida Teixeira e Souza, que é um verdadeiro funil conforme vai se estendendo. O que é uma boa ideia, mas tem um pequeníssimo detalhe nessa história toda: haja desapropriação pra isso acontecer não é mesmo? Naquela avenida existem muitas lojas, tem o Só Ofertas... a prefeitura vai pagar todas as indenizações e ficar devendo! E tem outra: a sede do meu curso de inglês fica lá também! O lado bom é que eles vão ter que arrumar outro lugar. Tomara que o novo prédio tenha ar condicionado hahahaha.
ResponderExcluirEu acho que a Regina Casé merece um prêmio, sabe porque? Ela é a única que consegue enfiar guela à baixo do povo, em rede nacional, em dia santo de domingo, gente como "MC Beyoncè". Isso é uma façanha sem tamanho!
Ultimamente tenho procurado umas músicas da Clara Nunes pra ouvir, fiquei sabendo de sua existência ano passado quando meu professor/cantor/escritor/poeta de língua portuguesa, Flávio, cantou "Lama" ao vivo e à cores pros alunos em sala de aula. Comecei a procurar sobre ela depois que escutei outra música na TV, agora não lembro qual. Uma coisa: que voz potente ela tem!
Não adianta estar no mais alto degrau da fama, com a moral toda enterrada na lama!! Lições, meu amor, lições... Um beijo.
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